No dia 26 de maio de 1897, ou seja, há exatos 125 anos, Bram Stoker lançou seu livro “Drácula”, que acabou se tornando a mais famosa história de vampiros da literatura. E, como a gente ADORA fazer episódios em datas temáticas, o 13º episódio (isso mesmo! número 13 na área) do A Tela Que Habito é sobre vampiros no Cinema!
Bram Stoker não inventou os vampiros e muito menos foi o primeiro a escrever sobre eles. Mas seu romance acabou popularizando a figura das trevas que se alimenta de sangue, aquele misto de repulsa pelo monstro e fascínio por seu charme irresistível, que passou a aparecer com cada vez mais frequência não apenas na literatura, mas também no teatro e, principalmente, no Cinema (e posteriormente na TV).
O irlandês Bram Stoker e seu livro
O vampiro de Bram Stoker provavelmente foi inspirado na figura histórica Vlad III ou Vlad Tepes (1431-1476), príncipe da Romênia, que também era chamado de Vlad Draculea (“filho do dragão” ou “filho do diabo”). Vlad, representante da Igreja Ortodoxa, lutou contra a expansão do Império Otomano na Europa Oriental e ficou conhecido pela crueldade e barbaridade com as quais tratava seus inimigos, sendo inclusive chamado também de Vlad, o Empalador. Mas a figura mitológica ou folclórica do vampiro, como um ser que se alimenta de sangue e é algo entre uma pessoa viva e uma pessoa morta (ou morto-vivo) data de muitos e muitos anos antes, podendo retroceder até à pré-história. E são várias as lendas sobre a origem desses seres, dependendo da época ou da região.
Vlad Tepes, O Empalador
Mas, voltemos ao Cinema! O primeiro vampiro do Cinema foi Nosferatu (Nosferatu - Eine Symphonie Des Graves, 1922), de Friedrich Wilhelm Murnau (F. W. Murnau). O filme é alemão e uma adaptação do livro de Bram Stoker, porém com alguns nomes e situações alteradas, uma vez que a família não liberou os direitos autorais para a realização do filme. Ainda assim, os produtores foram processados e as cópias do filme foram destruídas. Mas, algumas delas foram guardadas e exibidas em momento posterior à morte da viúva de Stoker. O filme, ainda mudo, é representante do Expressionismo Alemão e, na minha humilde opinião, poesia em imagens. A cena em que Nosferatu “rouba” o coração de Ellen é, ao mesmo tempo, tão simples e tão poderosa, que não tem como não ser impressionado. Mas, aqui, Nosferatu é um vampiro retratado de forma repulsiva, um ser das trevas que não nos causa muita empatia.
Nosferatu, de 1922
Nosferatu é refilmado em 1979, por Werner Herzog, que já pode usar o nome de Drácula para o personagem, uma vez que o livro, nessa época, já era de domínio público. Mas a refilmagem apresenta diferenças tanto do filme original quanto do livro.
Há também um filme, de 2000, A Sombra do Vampiro, de E. Elias Merhige que conta a história (fictícia) dos bastidores de gravação de Nosferatu, de 1922.
Nosferatu, de 1979
Em 1931 é lançado Drácula, dirigido por Tod Browning, que teve seu roteiro adaptado da peça teatral escrita por Hamilton Deane e John L. Balderston que, por sua vez, se inspiraram no livro de Bram Stoker. Nessa nova adaptação, com o Cinema já sonoro (ainda que em preto e branco), o Conde Drácula é vivido pelo ator Bela Lugosi e foi responsável por popularizar ainda mais o personagem em sua versão, digamos, mais sedutora.
Bela Lugosi como Drácula, no filme de 1931
A próxima adaptação do filme foi realizada em 1958, agora com o Cinema já em cores, com Christopher Lee no papel título do filme (no Brasil o filme se chama “O Vampiro da Noite”) . O ator chegou a interpretar o personagem em outros 6 filmes!
Christopher Lee como Drácula, no filme de 1958
Após o filme de 1958, vários outros filmes - para Cinema e também para TV - foram inspirados no livro, mas nenhum fez muito sucesso, até a versão de 1992, Drácula de Bram Stoker (Bram Stoker's Dracula em inglês), dirigida por Francis Ford Coppola, com roteiro de James V. Hart. Essa versão, com vários atores de renome (tanto na época quanto hoje em dia), como Gary Oldman, Winona Ryder, Keanu Reeves e Anthony Hopkins. Essa versão, apesar de algumas divergências com o livro (o romance entre Drácula e Mina), é um enorme sucesso de público e até hoje citado como dos melhores filmes sobre vampiros já feitos.
Drácula de Bram Stoker, dirigido por Francis Ford Coppola
Mas, outros filmes sobre vampiros fizeram muito sucesso, além dos inspirados em Bram Stoker. E, além de serem sucesso, são excelentes filmes! Ps: não vamos falar de Crepúsculo aqui, pelamor!
Fome de Viver (The Hunger, 1983), dirigido por Tony Scott, com roteiro de James Costigan e Michael Thomas, adaptado do romance de Whitley Strieber - DAVID BOWIE. Não preciso falar mais nada. Ah! E ainda tem Catherine Deneuve e Susan Sarandon.
Catherine Deneuve e David Bowie em Fome de Viver
A Hora do Espanto (Fright Night, 1985), de Tom Holland - morria de medo quando era criança! E se meu vizinho fosse um vampiro? Rs Teve refilmagem recente com Colin Farrell
Os Garotos Perdidos (The Lost Boys, 1987), dirigido por Joel Schumacher e roteiro de Jeffrey Boam - Jason Patric x Kiefer Sutherland, meu coração não aguenta! Atenção para os slogans do filme: “Sleep all day. Party all night. Never grow old. Never die. It's fun to be a vampire”. É a romantização dos vampiros, antes mesmo do filme de Coppola e de Neil Jordan.
A gangue de vampiros em Os Garotos Perdidos
Entrevista Com o Vampiro (Interview With The Vampire: The Vampire Chronicles, 1994), dirigido por Neil Jordan, com roteiro de Anne Rice (adaptado de seu próprio livro, homônimo) - com Brad Pitt, Tom Cruise, Antonio Banderas e Kirsten Dunst (bem no início de sua carreira e já dando show)
Kirsten Dunst, Brad Pitt e Tom Cruise em Entrevista Com o Vampiro
Um Drink no Inferno (From Dusk Till Dawn, 1996), dirigido por Robert Rodriguez, com roteiro de Quentin Tarantino. As parcerias desses dois não podem ser ignoradas, assim como esse filme! George Clooney e Quentin Tarantino são dois irmãos ladrões de banco fugitivos que acabam indo se esconder - sem saber, obviamente - num covil de vampiros.
30 Dias de Noite (30 Days of Night, 2007), de David Slade, adaptada da graphic novel do mesmo nome - ME-DO-NHO, dos filmes que mais dão medo e nervoso
Os vampiros PAVOROSOS (e horrorosos) de 30 Dias de Noite
Deixa Ela Entrar (Let The Right One In, 2008), dirigido por Tomas Alfredson e roteiro de John Ajvide Lindqvist. A versão original, sueca. Posteriormente (2010) foi refilmado nos EUA, com o título de Deixe-me Entrar
Sede de Sangue (Bakjwi, 2009), de Park Chan-wook - da “primeira leva” de filmes sul coreanos que fizeram sucesso no Ocidente, um padre vira vampiro e tem que lidar com isso
Amantes Eternos (Only Lovers Left Alive, 2013), de Jim Jarmusch - Tildão e Loki, como não amar?
Tilda e Tom, no filme de Jim Jarmusch
O Que Fazemos Nas Sombras (What We Do In The Shadows, 2014), de Taika Waititi - Foram feitos vários filmes de comédia com vampiros, mas esse é o mais genial! É engraçadíssimo, mostra vampiros de diferentes épocas (facilmente identificáveis, inspirados em outros vampiros do Cinema), tendo que lidar com os problemas do dia a dia, como dividir casa, lavar roupas etc.
Garota Sombria Caminha Pela Noite (A Girl Walks Home Alone At Night, 2014), de Ana Lily Amirpour - filme falado em persa, com diretora (e escritora) iraniana, em preto e branco.
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