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Writer's pictureA Tela Que Habito

Blonde

E, já que estamos no mês do Halloween, nada mais apropriado que falar de Blonde (2022), dirigido e escrito por Andrew Dominik, novo filme da Netflix que mistura (muita) ficção com doses de fatos, sobre a grande diva e ícone absoluto Marilyn Monroe. E não, eu não estou doida. Blonde, pra mim, é um filme de TERROR!



O roteiro é baseado no livro de Joyce Carol Oates - que não li - e a impressão que tive é que Dominik saiu catando as piores partes do livro e colando uma atrás da outra em seu roteiro, que é confuso e não faz muito sentido. Parece mesmo uma colcha de retalhos de tragédias. A fotografia é belíssima, não há como negar, e há o uso de diversos recursos cinematográficos bastante interessantes, tanto em termos de estética quanto de linguagem cinematográfica, mas que não estão em função do roteiro e parecem mais experimentações sem sentido. O exemplo mais básico e claro é o uso de imagens em p&b intercaladas com imagens coloridas (com um filtro que lembra as cores dos filmes em technicolor), que não tem nenhum sentido narrativo além de permitir a reprodução de certas cenas e fotos famosas.


Vídeo via instagram @cinema.magic

Aliás, o filme merece elogios às reproduções que apresenta, seja de Ana de Armas, idêntica à Marilyn em todos os aspectos, seja nos cenários, figurino, direção de arte etc. Mas os elogios acabam por ai. Vamos às polêmicas! Ou melhor, a mais polêmicas! rs


Confesso que demorei 3 dias para conseguir terminar de assistir ao filme. E não foi porque ele tem quase 3 horas de duração, realmente achei que flui, apesar do roteiro confuso. Mas precisei de várias pausas e distanciamento para tentar absorver o que estava vendo e para tentar aplacar todo o incômodo e raiva que o filme me provocou. Tudo não passa de uma grande fetichização e objetificação, não apenas de Marilyn Monroe, mas também de Ana de Armas. O que foi vendido pela Netflix como uma grande e merecida homenagem à Marilyn não passou de mais uma morte ao legado da atriz, sinceramente. Vi muita gente dizer que na verdade é pornografia, mas geralmente filmes pornos não se disfarçam de outras coisas, eles assumem ao que vieram.


Marilyn é retratada de forma absurda, infantilizada, chamando os homens de “daddy” (papai), sempre com voz muito melosa (ai gente, isso é TÃO absurdo e nojento), parece estar à passeio na vida, sem saber o que está acontecendo, com uma ingenuidade extrema que não é real e dando sempre a impressão que está por um fio, à beira de um total colapso. Ao ponto da pessoa que estava assistindo comigo, em determinado momento extremamente delicado de abuso sexual, virar e perguntar: "nossa, ela era burra assim mesmo?". Esse foi um dos momentos de pausa no filme. Nem sei o que dizer.



Mas, vamos voltar à questão da fetichização, objetificação e pornografia. O filme é praticamente todo sobre sexo. Tudo gira em torno de sexo. Ana de Armas está quase que o filme inteiro nua, praticando cenas de sexo, algumas repulsivas, como o sexo oral no presidente. O diretor chega ao absurdo absoluto de nos apresentar uma cena que seria a filmagem do útero de Marilyn. Como que pode? Infelizmente a belíssima incorporação e interpretação de Ana perde-se no meio desse show de horrores. Porque é realmente impressionante a semelhança.



Sabemos que a vida de Marilyn Monroe não foi fácil, ela tinha vários problemas e constantemente era sim abusada e explorada. Mas o filme só foca nisso, usando de muita ficção para enfatizar mais ainda esses momentos infelizes e pesados da vida da atriz e em momento algum procura mostrar o seu valor, sua contribuição, não apenas ao Cinema, mas à moda, à cultura pop, à arte, à música e a outras tantas coisas que a gente perde até a noção! Não é uma celebração e uma homenagem ao grande ícone, é mais uma morte lenta de Marilyn e de todas nós mulheres, que assistimos ao filme e sofremos com e por ela. Desnecessário.



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